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Reflito sobre o ser e o não ser, sobre a “insustentável leveza do ser” e me pergunto se não estaria melhor dizendo da insustentável leveza de ser. Não por um mero prazer no jogo das palavras, mas pelo valor do pequeno, do simples que altera todo o valor do real, ao avaliar o valor da preposição combinada ou descombinada. É o óbvio se contrapondo ao sutil, é o artigo “o” que define ou não o substantivo ser enquanto humanidade, ou preposição “de” que se antepõe ao verbo ser, à ação de estar e caminhar.
Pergunto-me se existe um tempo determinado. Questiono qual é essa dimensão e em qual das nossas realidades quânticas deveremos permanecer focados. São muitas as possibilidades.
Reflito se o tempo de cada ser está na medida de sua consciência. Cada um tem em si a sua verdade, o que lhe dá o direito de ir e vir por caminhos os mais diferentes- pode, por exemplo, optar por uma via direta, limpa e precisa; pode escolher caminhos difíceis, mal construídos, trilhas à beira de profundos abismos, Pode também querer voar ou mergulhar.
Reconheço a ação de voar ou mergulhar. Posso mergulhar profundamente no infinito azul do céu. Posso mergulhar no fétido lodo de minha inconsciência, sustentado pelo meu egocentrismo e tentar voar. Posso encontrar nesse lodo um piso de areia movediça e morrer asfixiada assim como os miseráveis de Victor Hugo.
Reflito então sobre poder e encontro a ilusão se contrapondo ao discernimento e à liberdade. Procuro o sentido de liberdade.
Penso no poder de ir, sempre ir. Reflito sobre ganhar leveza o suficiente para voar com sandálias aladas e assim com Perseu, não permitir que o peso da matéria me esmague, parafraseando Ítalo Calvino.
Imagino o voar e sinto a leveza de ser como um pássaro quando a “precisão e a determinação” me conduzem. Voar não como uma pluma que vai ao sabor dos ventos, mas com uma liberdade de ser impressa pela determinação. Reflito liberdade de criar em qualquer tempo e encontro na arte um instrumento da sustentável leveza no eterno e no inalienável.
O site que ora apresento faz parte da minha necessidade de mostrar continuidade de ser artista sempre, ao buscar amadurecimento e mergulho naquilo que expresso.
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